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Another Time

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Mensagem  Re Hanabi Ter Ago 04, 2009 2:02 am

Another Time Eeeu1



Classificação: +18
Categorias: the GazettE
Personagens: Aoi xUruha RukixReita
Gêneros: Drama, Ficção Científica, Romance, Suspense, Universo Alternativo, Yaoi
Avisos: Homossexualidade
Capítulos: 4 | Terminada: Não

Essa historia é nova, ainda estou postando ela no Nyah.

Prólogo


O dia amanheceu claro, com poucas nuvens no céu. Era uma manhã de primavera; o jardim estava todo florido, a grama verde, algumas pétalas de sakura espalhadas pelo chão, pétalas que o vento havia derrubado da pequena arvore que havia ali, bem ao centro, repleta de flores.

Era uma paisagem linda para se ver, com o sol forte iluminando tudo, tornando tudo ainda mais belo. Seria, talvez, uma das melhores visões dos últimos tempos, se o lugar e a situação não fossem tão tristes.

Em um pequeno quarto, iluminado apenas pela luz do sol que entrava pela janela aberta, haviam duas pessoas que, há muito tempo, viviam apenas pela existência um do outro e que, há muito tempo, tinham se acostumado com aquelas quatro paredes.

Almas que se encontraram em situações desagradáveis, tristes, que mesmo depois de tanto tempo, ainda lhe causavam dor e revoltas. Mas, graças a isso, graças a tudo pelo que passaram, á tudo que viveram, essas almas uniram forças para ficarem juntas, para sempre... enquanto vivessem, ou até mesmo depois disso.

-Bom dia, amor... – falou suavemente, abrindo os olhos lentamente, piscando algumas vezes por causa da claridade.

Olhou na direção da janela e viu apenas o semblante do outro, parado em frente à ela, absorto na paisagem lá fora.

-E o que tem de bom? –questionou seco, virando o rosto em sua direção.

-O sol, o ar, todos os seres vivos... –sorriu com certa dificuldade. -Nós estamos aqui agora, não é?

-Por quanto tempo mais? –com certa dificuldade aproximou-se da cama em que o outro estava. -Porque você já esta indo... –tocou a mão do outro. -Igual a todos... me abandonado...

-Não diga isso, amor, eu não estou te abandonando... –estendeu a mão, tocando no rosto pálido a sua frente.

-Já não basta tudo o que eu vivi? Tenho que perder você, a única coisa que eu tenho na vida? –Uma lagrima escorreu pelo seu rosto, apagando o sorriso que com tanta dificuldade o outro formou.

Há anos, a vida dos dois resumia-se apenas a eles, eram apenas os dois no mundo, um para o outro.

Foi tão difícil para os dois conseguirem um equilíbrio nela, conseguirem encontrar um novo sentindo para tudo, uma nova chance e, mal haviam conseguido, logo isso lhes fora tirado.

E voltaram a viver de uma forma desagradável, em meio a mais sofrimentos.

Mesmo um deles tentando fazer de tudo para que as coisas não fossem assim, para que, mesmo com o fim tão próximo... ainda assim, eles pudessem ter uma chance de sorrir, nem que por poucos segundos.

Mas mesmo com algo tão bom em mente e uma força de vontade tão grande no peito, era inevitável ver a realidade, ela era muito mais forte, e os faziam enxergar o quanto o medo, a dor, a incerteza machucava, tanto emocionalmente quanto fisicamente.

E nos últimos 2 anos, a dor era muito mais intensa... fisicamente.

-Você não vai me perder, eu sempre estarei com você... –Voltou a falar, pausadamente fazendo o possível para conseguir fôlego para completar sua frase, mas antes que a completasse, foi interrompido pelo outro.

-Não! –falou alto. -Não vai, ninguém ficou... você não vai ser diferente... –Seu rosto pálido, agora estava com um tom avermelhado, por causa do choro e pela ponta de raiva que sentia. Havia um tom áspero em sua voz.

-Vou sim, eu vou estar pra sempre com você, não importa o que eu tenha de fazer pra isso acontecer... –falou mais uma vez com muita dificuldade.

O quarto foi coberto por um silencio inquietante, nenhum ousou falar mais nada, apenas sons leves de pássaros atingiam o local, e algumas vozes vindas do lado de fora.

-Por que? – Questionou a si mesmo. –Por que as coisas tiveram que acontecer dessa forma? –Olhou agora para o outro, não escondendo as lagrimas em sua face – Por que nossas vidas tomaram esse rumo? não está certo, tudo foi da pior forma possível...

-Se eu pudesse, eu juro que daria a minha vida para que tudo tivesse sido diferente, se houvesse a chance de mudar, eu juro que faria... –sorriu fraco par ao outro -Mas de qualquer forma, minha vida está acabando, e parece não significar nada...

-Ela significa tudo pra mim... –tocou o rosto do outro suavemente -Não me deixa... –se aproximou mais, apertando forte a mão entre a sua.

-Desculpa... isso não é algo que eu... possa controlar... –olhou fundo nos olhos do outro, sentindo um ponta de dor em seu ponto, sentia falta do brilho que havia neles, do sorriso que iluminava seu rosto, e sentia raiva, porque ele não estava tão diferente do que via, ela estava até mesmo pior.

-Eu não vou existir sem você... –falou baixo, foi quase difícil pro outro entendê-lo -No momento em que sua alma deixar esse mundo, eu darei um jeito de fazer o mesmo. –o olhou serio, deixando toda a sua dor sair em um tom completamente arrogante e com certeza.

-Não seja bobo... –balançou sua cabeça - Não diga algo assim... -ergueu novamente sua mão, e colocou-a na face do outro, tocando levemente, sentindo a mão do outro vir e ficar por cima da sua. -E só pra você saber, minha alma já não é minha há muito tempo... ela é sua, e sempre estará com você... –sua voz ficava cada vez mais fraca, e falava mais pausadamente.

-Não... por favor, ainda não...- apertou forte a mão do outro que estava em seu rosto.

Já não conseguia controlar o choro, não agüentava ver o homem deitado a sua frente ficar cada vez mais fraco, sua pele cada vez mais fria, perdendo a vida.

-Eu... mesmo longe... –começou a falar, fechando os olhos algumas vezes -Vou fazer de tudo... para te ver sorrir... mais uma vez... –respirou fundo, e acabou tossindo um pouco, sua respiração estava fraca e seus olhos não esbanjava mais nem um brilho.

-Não... –falou negando com a cabeça.

-Nós ficaremos juntos. para sempre... de qualquer forma... amor...

-Por favor... tente aguentar... –tocou o rosto do outro, vendo-o fechar os olhos com o toque.

-Eu sempre... vou te amar... –olhou um pouco em volta, tentava conseguir mais ar, mas não conseguia.

-Não... -com dificuldade jogou seu corpo sobre o do outro. –Por favor...

-Sempre... vou te amar... –tossiu um pouco após essas palavras, sua respiração foi ficando ainda mais fraca.

-Não... –juntou seus lábios no do outro, em um ultimo toque –Não... Amor... –suas lagrimas escorreram pela sua face, tocando a do outro, encontrando as que estavam em seu rosto. O ultimo contato.

O quarto foi tomado pelo som do pequeno aparelho apitando ao lado da cama, a porta do quarto foi aberta rapidamente, alguns médicos passaram por ela, tirando o jovem rapaz de cima do outro, com certa dificuldade, ele fazia o possível para continuar agarrado ao outro.

-Faz alguma coisa... Ele não pode... –tentava dizer.

-Desculpe, não há o que fazer... –apenas viu o outro negar com a cabeça. –Você sabe que ele quis assim, ele mesmo disse que não aguentaria mais, e depois seria pior... –falava o medico, aproximando-se dele.

-Mas ele prometeu, prometeu sempre ficar comigo... –falava olhando para um dos enfermeiros, e em seguida pra o médico –Ele prometeu... Você prometeu... Você tem que cumprir a sua promessa! –Gritou olhando para o corpo, imóvel sobre a cama. –Você tem que cumprir!


Continua...





Nota: Não citei nomes de proposito.

Quero criar todo um clima de suspense...

Espero que tenham gostado desse cap e logo eu posto a continuação.

Obrigado a quem leu.

beijos!
Re Hanabi
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Mensagem  Re Hanabi Ter Ago 04, 2009 3:21 pm

Capitulo 1 - I just want to cry and stop this pain



Estava chovendo, o céu estava escuro, completamente nublado, combinando com todas as pessoas que estavam naquele local aberto. Todos de preto, com rostos pálidos e tristes, todos em frente a um tumulo.

Havia um jovem em meio a tantas pessoas, talvez o único que realmente sentisse toda a dor que aquele momento causava.

Ele nunca pensou que cenas como essas pudessem acontecer de verdade. Achava que eram apenas coisas de filmes, porque filmes sempre são assim, pessoas tristes, chorando, algumas até desesperadas demais, e o céu parecendo sentir o mesmo que elas, sempre da mesma forma...

Parecendo chorar por mais uma alma perdida.

Esse jovem realmente acreditava que isso só acontecia em filmes, mas ali estava ele, pela segunda vez... enterrando mais uma pessoa que tanto amou.

E, a todo instante, se perguntava por quantas vezes mais passaria por isso?

Quantas vezes mais ele teria que chorar e sentir essa dor horrível no peito, essa angustia que parecia não ter fim?

Quantas vezes mais, ele precisaria de ombros amigos para lhe dar forças, apoio, um motivo para continuar?

Mas será que da pra continuar, quando tudo o que se tinha de mais precioso se foi?

E se der, por quanto tempo, até tudo acontecer novamente?

Quantos dias, meses, anos, ele teria antes de voltar para essa mesma situação?

Difícil prever, difícil prevenir. As coisas acontecem porque devem acontecer, não há maneiras de mudar o que está escrito, o que está feito. É assim, esse é o destino.

-Ne Uru-chan, nós sempre estaremos aqui... – O jovem escuta o pequeno ao seu lado falar suavemente, apenas confirmando com a cabeça.

Uruha nem havia reparado que todos já haviam ido embora. Só permaneciam três jovens no local, ainda na chuva que, felizmente, agora estava mais fraca.

-Não precisa passar por isso sozinho, você sabe... você já passou por isso uma vez e... – começou o outro mais alto, logo abaixando a cabeça e se xingando por ter mencionado algo.

-Reita! Cala a boca! – falou Ruki com raiva do outro.

-Tudo bem chibi, eu entendo... é a verdade, eu já passei por isso, sei como é... – Abaixou a cabeça lembrando-se.

A mesma dor, os mesmos sentimentos, as mesmas perguntas...

Por que?

Onde errou?

Por que com ele?

E quem teria essas respostas?

Ele tinha noção de que ele nunca as teria, mas mesmo assim, elas insistiam em permanecer o martirizando.

-Uru... –Escuta o menor lhe chamar, tocando seu ombro suavemente. Virou em sua direção, sentindo mais uma lagrima escorrer em seu rosto.

Podia ver a preocupação estampada na face do menor, permanecendo em silencio, mas antes que ele pudesse perguntar algo, Uruha se adiantou em falar.

-É só que... –respirou fundo - Embora eu saiba, eu não consigo evitar sentir isso... essa dor aqui... –apertou o peito –Dói muito... – sentiu mais uma lagrima em seu rosto, disputando espaço com as gotas da chuva.

-E você não pode se impedir de sentir isso Uru, é normal, foram duas pessoas importantes na sua vida. As que te deram a vida. –Falou o menor.

-O Ruki está certo Uru, desculpa se ti fiz lembrar, você sabe que sou idiota e mau com as palavras... mas, o que quero dizer é que, como você passou por isso antes, você sabe que nós ainda estaremos aqui, pra te ajudar...

-Eu sei, mas... Mas por que os dois? Por que eles tiveram que ir... tão cedo... –Ele mal conseguia terminar as frases, sentia como se algo estivesse preso em sua garganta, e que a qualquer esforço seu, apenas mais lagrimas saiam.

-Quem sabe Kou? Deus sabe o que faz... –começou o menor, mas logo foi interrompido por Uruha.

-Não, ele não sabe... Minha mãe, minha mãe tinha uma vida inteira pela frente, e morreu por minha causa, porque eu nasci... Isso não pode ser certo... e agora meu pai... ele... –olhou para o tumulo a sua frente mais uma vez, pensando que agora ele estava ao lado da sua mãe.

A dor era tão grande, que ele nem conseguiu sentir o choque dos seus joelhos contra a terra úmida, a única coisa que sentia era essa dor enorme no peito... insuportável.

-Eu não quero perder mais ninguém, não quero nunca mais sentir isso...

-Kou... –Ruki o chamou tentando se aproximar dele.

-Chibi, me deixa... eu só quero chorar... chorar e acabar com essa dor de uma vez... – falou com a cabeça baixa.

-Mas... – tentou falar novamente, mas agora sendo impedido pelo outro loiro.

-Deixa, Ru... ele precisa disso... – falou tocando no braço do menor

-Obrigado Reita... –Uruha olhou em sua direção e ele acenou com a cabeça em afirmação.

-Você já sabe... o que precisar... –começou a falar.

-Eu ligo. –afirmou Uruha - Mas agora, eu só preciso ficar...

-Vai dar tudo certo, Kou-chan... você vai ver... -o pequeno se ajoelhou ao seu lado, sorrindo –Tudo vai mudar, pra melhor. – Abraçou e deu um beijo no rosto pálido e molhado do outro.

-Estaremos na casa do Reita, ta? –levantou, bagunçando seu cabelo, sorrindo mais uma vez, e correndo na direção do outro.

Uruha acabou sorrindo e concordando, até achou um pouco divertido, na presente situação, ver Reita corar com o comentário do menor, ainda mais quando ele pegou em sua mão.

Ao menos ele ainda tinha seus amigos e sua avó, a unica que lhe restara.


continua...
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Mensagem  Re Hanabi Ter Ago 04, 2009 3:26 pm

Capitulo 2 - Memories And Farewell





Olhou atentamente para cada canto do pequeno apartamento. O ambiente era iluminando apenas pela luz que entrava pelas janelas, as paredes em um tom bege claro, apresentavam marcas do que algum dia esteve ali, as marcas dos moveis que foram retirados dos seus lugares, os retratos que já não estavam mais nas paredes e algumas teias de aranhas, que agora apareciam nos cantos.

Caminhou até a cozinha, parando próximo a porta, reparando atentamente nas marcas do seu crescimento, que eram marcadas no batente da porta, ano após ano, até seu ultimo aniversario, onde seu pai insistiu para seguir a tradição, mesmo ele reclamando insistentemente para que fosse ao contrario.

Quinze anos e já estava da altura do pai! Acabou lembrando dos comentários que ele fez na data, dizendo que sua mãe ficaria feliz o vendo se tornar um homem assim, e reclamaria por ter um marido tampinha. Lembrou o quanto foi divertido aquele dia, no qual passaram assim, apenas em recordações... boas recordações.

Foi até seu quarto, mas não havia mais nada seu por lá, a não ser marcas de pôsteres e algumas palavras escrita nas paredes.

Palavras que ele, junto com seus amigos, fizeram. Até mesmo seu pai havia anotado coisas ali.

Continuou seu caminho até o quarto que um dia pertenceu aos seus pais. Era triste saber que depois de terem lutado tanto por aquele lugar, não havia sobrado mais nada.

Lembrou do quanto ficou feliz ao se mudar pra lá, ainda pequeno. Tinha achado tão divertido morar em um apartamento que nem tinha se importado tanto em deixar seus amigos e sua avó para trás, na sua antiga cidade. Ele ia morar em um apartamento, ia poder andar de elevador e tudo mais, era bobo, reconheceu, mas era tão divertido na época.

Ele desconhecia o real motivo de estar ali, desconhecia que isso só tinha acontecido, para que ficassem mais próximos do hospital. Essa parte ele desconheceu por algum tempo, até que ficou inevitável que ele descobrisse e, mesmo assim, não fez muito sentindo para ele.

Depois que sua mãe se foi, pensou que voltariam a sua antiga cidade definitivamente, mas não foi assim, voltaram apenas para dar um enterro digno a sua mãe, perto da família dela, e para que ele ficasse um tempo com sua avó, enquanto seu pai acertava as coisas, enquanto organizava a própria vida.

No fim das contas, voltou para o apartamento com seu pai e permaneceu por lá, apenas os dois, cuidando um do outro.

Quando já tinha idade suficiente para entender, seu pai lhe contou, ou melhor, lhe esclareceu o problema da sua mãe.

Pelo que soube, ela tinha um problema no útero, o que dificultava a ela engravidar. Ela passou algum tempo fazendo tratamento, até que aconteceu, ela ficou grávida, grávida dele. Foi uma gestação complicada, mas não menos feliz do que imaginaram. Mesmo correndo uma rico muito grande, tudo acabou dando certo, Kouyou nasceu sadio, sem qualquer complicação.

Mas sua mãe ficou muito debilitada depois disso. Nas primeiras semanas, ela foi obrigada a ficar internada até se recuperar, depois disso, ficou sobre constante tratamento.

O tempo foi passando e ela foi obrigada a passar por algumas cirurgias, foi nessa época que eles mudaram para o apartamento.

Os médicos haviam descoberto que, além do problema genético que ela já havia apresentado, ela estava com um nódulo no útero, que pouco depois descobriram ser câncer.

As cirurgias pelas quais ela passou foram um sucesso, tudo ocorreu da melhor forma possível, mas seu corpo ficou muito debilitado, ela aprestou uma baixa imunidade, e os medicamento não surtiam efeito.

O câncer acabou se espalhando para o resto do corpo.

E essa foi à causa da sua morte.

Uruha sentiu uma forte pontada no peito ao se lembrar disso, e mesmo ouvindo sempre de todos que a culpa não era sua, ele se sentia assim, ele achava que se ele não existisse, sua mãe não teria passado pelo que passou.

O que mais o incomodava era o fato dela ter sofrido tanto para lhe dar a vida, e, no entanto, não pode ficar ao lado dele, para contemplá-la.

-Kou...- escutou sua avó o chamar perto da porta.

-Já estou pronto, vó. – respondeu virando e lhe sorrindo fraco.

-Sei que é difícil filho... você viveu tanto tempo aqui e... – começou a falar, com o intuito de se aproximar do jovem.

-Eu vou ficar bem. - Falou rápido, antes que sua avó continuasse.

-Seus amigos já terminaram de guardar suas coisas, e estão esperando... - Ela tocou seu ombro, enquanto ele olhava novamente para o quarto vazio.

E a imagem de sua mãe, sorrindo quando ele lhe trouxe o café da manhã na cama, lhe veio à mente. Ela estava sorrindo, ainda deitada, e seu pai havia lhe ajudado a colocar a bandeja em cima dela, pegou o no colo, colocando-o ao seu lado na cama. Ficaram os três sentados, tomando café, os três juntos naquela fria manhã de inverno.

Sacudiu a cabeça rapidamente tentando se livrar daquelas imagens.

-Eu já vou... -olhou pra sua avó, não evitando que uma lagrima escorresse em sua face.

‘Momentos assim nunca mais existirão...’ pensou saindo do quarto.

Fechou todas as portas e saiu do apartamento.

Parou em frente à porta de entrada, olhando-a por algum tempo e então retirou a plaquinha onde estava escrito ‘Família Takashima’ que ficava presa ali.

Não havia mais a família Takashima, era apenas ele agora...

Chegou ao carro da sua avó e la estavam Reita e Ruki no banco de trás, em meio a algumas coisas suas. Estavam sorrindo para Uruha, para de alguma forma lhe darem conforto, ou algo do tipo.

Todo o ano Uruha passava suas férias escolares na casa da sua avó, seu pai quase sempre estava trabalhando, e achava errado o prender ali no apartamento, então o mandava para la, ele querendo ou não, mas no final das contas ele sempre queria, tinha amigos por lá também.

Amigos que o ajudaram muitos anos atrás, mesmo eles sendo apenas criancinhas, e esses mesmos amigos estavam ali agora, também.

A viagem foi longa, mais ou menos duas horas e, embora todos tentassem, era difícil fazer Uruha falar algo, ele permaneceu praticamente todo o caminho em silencio, falando apenas com seus próprios pensamentos.

Chegando a casa da sua avó, foi direto para seu quarto, o quarto de sempre, o quarto que um dia foi da sua mãe e que ainda tinha coisas dela por lá...

Deixou as malas em um canto qualquer, depois cuidaria disso, por enquanto, apenas se jogou na cama, e por lá ficou um longo tempo.

Recusou a todos os convites pra sair vindos de Reita e Ruki. Embora pensasse que talvez isso fosse o melhor a se fazer, ele não conseguia simplesmente sair e esquecer a dor que estava sentindo, não dava, não era simples assim.

Quando perdeu sua mãe, não doeu tanto assim, talvez porque na época ele nem entendesse isso direito mas, agora, ele não tinha os dois, os dois se foram, e ele se via só.

Uruha sentia que isso tornava tudo muito pior, a dor era em dobro. Talvez agora, ele estivesse sentindo de verdade a dor de perder sua mãe, e agora seu pai.

E isso era demais para ele.

Com o passar dos dias, as coisas não melhoraram. Uruha ficava trancado em casa, não saia, não conseguia comer, não queria falar com ninguém, perdeu semanas de aulas na escola, escola em que não conseguiu ir uma única vez, desde que se mudou para a cidade.

Só conseguia pensar na perda.

Na dor...

E por pior que fosse, ele não queria que a dor sumisse, porque não queria esquecê-los.

Foi então que dois seres chatos, na visão dele, começaram a ir insistentemente a sua procura, na tentativa de alegrá-lo e tira-lo dali de qualquer jeito, e Uruha a contra ponto, fazia de tudo para não vê-los, para que eles não o vissem, mas não dava certo, em nenhuma das suas tentativas.

E, com o passar dos dias, começou a ficar com eles, conversando. As vezes jogavam vídeo game, assistiam há alguns filmes... e assim o tempo foi passando calmamente, e a dor já era mais suportável, Uruha já conseguia dormir durante a noite, e já não tinha tantos pesadelos.

Ele só sentia saudades... e estava bem assim...

Ele ainda se lembrava dos seus pais... mas estava ficando mais confortável...

Era apenas uma parte dele, que pra sempre estaria ali, indiscutivelmente.

Pra sempre...


Continua...
Re Hanabi
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Mensagem  Re Hanabi Ter Ago 04, 2009 3:32 pm

Capitulo 3 - Back to Life



A primavera havia chegado e, embora as temperaturas fossem mais amenas nessa época, esse dia em questão não estava sendo assim.

Estava sendo um dia ensolarado, quente e com pouco vento, estava tão quente que Uruha só conseguia pensar no quanto estava com calor ali, em pé, na frente da casa de um certo rapaz.

Chegou a cogitar a possibilidade de fritar um ovo no asfalto.

Estava na frente da casa de Ruki, esperando a ‘donzela’, como ele o chamava em segredo, terminar de se arrumar.

O menor havia ligado para ele, há quase duas horas, falando que estava quase pronto e que Uruha podia encontrá-lo em sua casa. Foi o que o jovem fez, saiu da sua casa para encontrar o amigo.

Já fazia um bom tempo que estava ali, o esperando e, enquanto o outro demorava, Uruha acabou imaginando como seria o dia em que Ruki lhe dissesse que ainda ia se arrumar.

'Assustador' pensou Uruha. Ele provavelmente não teria tanta paciência como hoje.

Uruha resolveu deixar esses pensamentos de lado, não queria se irritar logo hoje, o dia em que resolver sair.

Depois de tanto tempo excluindo-se do mundo, Uruha resolveu sair junto com os amigos para ir ao parque no centro da cidade. Havia muitas arvores por lá e estaria mais fresco nas sombras... era a melhor coisa a se fazer em um dia como este. Além disso, ainda poderiam jogar bola, uma paixão para eles e, depois de quase três meses parado, seria bom voltar a jogar, a praticar algo.

Tudo bem que o menor precisou de uma longa semana para lhe convencer disso, mas... bem, já estava na hora, a vida tem que continuar.

Cansado de esperar pela ‘donzela’, Uruha resolveu sentar-se na calçada em frente à casa do menor, pensou em chamá-lo, mas Ruki não é do tipo de pessoa que gosta de ser apressado e, como eles haviam marcado no portão, então Uruha obedeceria.

Embora estivesse um sol extremamente quente, havia nuvens no céu, que faziam sombras pelas ruas... e o vento também estava agradável, uma brisa suave começava.

Uruha olhou para o céu, reparando nas formas que as nuvens tinham, ele adorava olhá-las quando pequeno. Lembrou-se que sua mãe ficava inventando historias com as nuvens no céu, algumas sem sentido, mas que o fascinavam naquela idade... e algumas ele ainda lembrava, como se ainda a ouvisse falar ali, ao seu lado.

Fechou os olhos com essa doce lembrança.

Seu pai tentou fazer isso algumas vezes também, quando sua mãe não podia ficar com eles. Mas não dava muito certo, ele se atrapalhava e só o fazia rir, e muito.

Ainda lembrava-se da ultima vez em que fez isso. Ele já estava com cinco anos, quase seis, deitado na cama com a sua mãe, de frente para a janela do quarto.

Seu pai também estava junto, mas em pé, ao lado dela.

Ele havia empurrado a cama até próximo a janela, a pedido da sua mãe, e os três ficaram lá por quase duas horas, atentos ao céu.

Estava um pouco difícil para sua mãe formular palavras e seu pai a ajudava, quase sempre errando o que ela ia dizer, fazendo Uruha rir... tão descontraído.

Foi divertido, levando em consideração tudo o que estava acontecendo no momento, coisas que ele nem entendia ainda... mas para ele, aquele momento foi mágico.

O ultimo em que esteve com sua mãe. Ela dormiu ao final da historia... dormiu para todo o sempre.

Uruha acreditava que, como na historia que ela lhe contou uma vez, agora ela estava junto com os anjos no céu, brincando de desenhar imagens por lá, para alegrar a vida daqueles que as olharem e para cuidar de tudo aqui em baixo.

Pensou que provavelmente uma certa nuvem, toda deformada, tinha sido seu pai quem fez, pois não lhe pareceu com nada. Com esse pensamento, Uruha acabou sorrindo.

Espero que minha mãe de aulas de desenho pra ele... e que eles cuidem de mim, juntos.’ –falou pra si mesmo em pensamento.

-Ta pensando na morte da bezerra, Uruha? – perguntou Reita atrás dele, fazendo com que ele evidentemente se assustasse.

E Uruha não fez questão nenhuma de esconder sua surpresa ao vê-lo, arrancando um riso seu e do pequeno ao seu lado.

-Na verdade, estava pensando nos meus pais... – falou sinceramente

-Kou... – Pôde perceber a expressão de Ruki ficar surpresa, e logo se apressou em falar.

-Coisas boas, não se preocupe! – sorriu – Três meses foram os suficientes... agora voltei a minha vida. – falou em tom otimista.

-Mesmo? –indagou novamente o menor

-Mesmo. Do contrario, você acha que eu teria te esperado aqui durante todo esse tempo? – O olhou com uma expressão séria.

-Gomen... –falou o menor coçando a nuca.

-E, falando nisso, onde você estava, Reita? não te vi chegar... da rua. –falou com um tom insinuante na voz.

-E-eu... –Uruha teve o prazer de vê-lo corar um pouco –Eu dormi na casa do Ruki... –falou meio sem jeito, e Uruha teve que se segurar para não rir.

Era obvio o que acontecia entre os dois. Ao menos pra Uruha, isso era evidente, mesmo eles nunca falando isso em publico ou demontrando isso, ao menos, nada tão explicito.

-Ahh, sei... está explicada a demora... –falou, ainda com o mesmo tom.

-É que ontem ficou muito tarde para ele ir embora, sabe?... –falou o menor coçando a cabeça, olhando para Reita, pra ver se ele concordava.

-As ruas são perigosas à noite, ne? Tem razão! –Uruha confirmou com a cabeça – Fez a coisa certa, Reita... Bom trabalho! – bateu em seu ombro, vendo-o ficar ainda mais vermelho.

-Vamos logo para o parque... –falou o menor, puxando Reita pela mão.

-É, se não, fica ainda mais tarde... –comentou Uruha e logo começaram a andar.

O parque não ficava muito longe, eram apenas alguns quarteirões, mas eles iam numa boa, caminhando e conversando.

Ficaram até tarde no parque, estava tudo tão bom que ficaram até mais ou menos as dez da noite.

Acabaram encontrando com alguns amigos por lá, alguns amigos que Uruha não via há quase três meses... sim, ele havia se afastado por completo do mundo, a não ser desses dois, porque era difícil fazer o Ruki desgrudar e Reita era seu vizinho.

Mas, ainda no parque, todos resolveram comprar pizzas. Na verdade, todos decidiram isso por Uruha, disseram que era pra comemorar sua volta e ele achou que era uma boa idéia. Agora ele estava aceitando as coisas, 'tinha que continuar a viver', pensava.

E esperava que, ao menos, fosse de uma forma boa.

E estava sendo realmente divertido, não podia negar.

Comeram as pizzas por lá mesmo e sua consciência fez com que todos limpassem a sujeira... todos, menos ele, afinal, era tudo em sua homenagem.

Ele soube usar bem os argumentos.

Para ele, foi legal ficar por dentro de tudo o que aconteceu nos últimos tempos.

Ao menos ele não tinha perdido nada de tão extraordinário, apenas alguns dias de sua vida... mas que ele sabia que foram precisos.

-Tem certeza que não quer nossa companhia? –perguntou o menor lhe encarando.

-Não Ruki, não precisa! –falava mais uma vez.

-Mesmo? –insistiu o menor.

-Mesmo! E pensa, Ruki... se vocês forem me deixar, vocês não terão a desculpa de estar tarde...

-Como? –perguntou o menor não entendendo.

-O Reita mora perto de mim... meu vizinho, esqueceu?

-Ah é mesmo... Reita você quer que eu durma na sua casa hoje? –perguntou olhando pro o outro –Minha mãe não vai se incomodar mesmo. – deu de ombros.

-O que? Você está maluco, chibi... se você dormir lá... – começou Reita, mas Uruha o interrompeu.

-Ninguém mais dorme na vizinhança... – comentou logo levando um tapa na nuca.

-Idiota! –falou o menor – Só não te bato mais, porque estou feliz que você tenha voltado... E ,mal voltou, já esta fazendo essas brincadeiras sem graça...

-Mas é a verdade... só eu sei o que ouvi quando os pais de alguém... –olhou para Reita -Ficaram fora durante a noite. Sorte que sua janela fica perto da minha, e não da janela da minha avó.

-Ruki, vamos logo... –Reita chamou menor.

-É, vamos logo, Reita! –falou serio, olhando Uruha com raiva. – Temos que começar a procurar isolamentos acústicos para quartos... deve ter isso na internet! –Uruha não agüentou e começou a rir. Ele até sentiu dó do Reita, ele não sabia onde enfiar sua cara naquele momento.

-Ainda bem que vocês se amam, ne, Rei-chan? ... –continuou rindo – Porque do contrário, ou teríamos um anão morto, ou um rapaz com uma sacola de mercado no rosto, colado com a cola mais potente do mundo.

-Há há há, voltou muito engraçadinho, ne Kou-chan? Ainda vou fazer piadas de você... você vai ver! – Reita falou, o olhando sério.

-Não vai não... eu sou discreto! – Piscou para o outro. – Gente, eu vou indo logo, se não vocês não vão ter tempo pra se divertirem... tchau! –acenou.

-Tchau... nos vemos amanhã, ne? –perguntou Ruki.

-Claro, só que amanhã VOCÊ passa lá em casa... –fez questão de esclarecer isso.

-Ta bom... –O menor rodou os olhos.

Despediram-se e logo Uruha seguiu seu caminho.

E mal havia cruzado os portões do parque, ele se deparou com algo que o surpreendeu, o deixando em choque.

-O que foi isso? –perguntou para si mesmo.

Um pouco mais á frente, no meio da rua, havia um corpo estendido no chão, ele olhou para os lados na procura de alguém, mas não via nada. Pensou em voltar correndo para o parque e chamar Reita e Ruki, mas não sabia se era a melhor escolha.

Tentando organizar sua cabeça, acabou chamando por alguém. Pedindo ajuda a quem quer que pudesse ouvi-lo ali, naquela hora da noite, mas não teve resposta alguma.

Então ele começou a andar rápido, tentando chegar até la, chegar ao homem que parecia estar desacordado.

Parou ao lado do corpo. Não havia machucado algum, embora ele parecesse estar bem pálido, mas isso podia ser causado pela baixa iluminação do local.

Tocou levemente no braço dele com um dedo e nada, ele não se mexeu.

Ficou com medo de que algum carro passasse por cima dele, então reuniu um pouco de forças para puxá-lo dali, levando-o até a calçada.

Quando conseguiu chegar nela, o deixou deitado no chão, e se abaixou um pouco para ouvir seu peito. Estava batendo, então ele estava vivo, pensou.

Tentou chamá-lo mais uma vez, tocou novamente em seu corpo e nada.

-Será que sofreu um ataque do coração? –perguntou a si mesmo, ainda fitando aquele corpo.

-Idiota! O coração dele está batendo, seu burro! –Se xingou algumas vezes. -Ele deve ter bebido demais, e desmaiado, isso é comum... –continuava falando sozinho.

Por segurança, Uruha achou melhor chamar uma ambulância. Pensava em inúmeras coisas que podiam ter acontecido.

Pegou seu celular e começou a discar o número da emergência e ,só agora, ele reparou no quanto estava nervoso e tremendo.

-Emergência? –falei meio afoito, obtendo resposta do outro lado da linha -Eu preciso de... –Mas, antes que continuasse, sua voz morreu quando ele reparou no homem a sua frente, que acabara de abrir os olhos e o encarava.

Uruha não sabia o que fazer, o homem o olhava tão intensamente, aqueles olhos negros com um brilho estranho... Ele estava começando a ficar assustado com aquilo, mas também, de certa forma, aliviado por ele estar acordado.

Escutou uma voz o chamar do outro lado da linha e quando ia responder, o homem esticou o braço e tirou o telefone de sua mão, fazendo com que ele ficasse completamente em pânico.

-Não precisa disso! –O homem falou em tom autoritário e visivelmente sério, e o som da sua voz fez Uruha sentir um arrepio frio na espinha.

Pensou em coisas nada agradáveis sobre o tal sujeito a sua frente e nenhum desses pensamentos acabava bem para ele.

‘Droga, eu estou ferrado!’ – pensou, logo se perguntando porque raios ele tinha que ter saído de casa hoje.


continua
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Mensagem  Re Hanabi Ter Ago 11, 2009 3:47 am

Capitulo 4 - What Going On?


Eu ainda posso correr. É, eu levanto e saio correndo... Perninhas queridas, me obedeçam, por favor... e Deus, faz esse homem parar de me olhar assim.’

‘Eu vou levantar, eu vou... um, dois, agora!’


Uruha Inclinou seu corpo para poder levantar-se, mas sentiu a mão fria daquele homem segurar seu pulso.

Seu coração disparou e seu ar começou a fugir.

‘Eu vou morrer...’ – Pensou.

O homem também inclinou o corpo para se levantar, mas parecia meio tonto e apenas se sentou no chão, mas ainda assim, permaneceu segurando o pulso de Uruha.

-Seu... telefone... – Falou estendendo a mão com o aparelho.

-Ta... – Uruha pegou o aparelho e logo o homem o soltou.

Uruha aproveitou para ficar em pé e para ganhar um pouco de distancia. Pensava que era melhor prevenir.

-Onde eu estou? – Perguntou o homem passando a mão pela cabeça.

-Na calçada. –Falou Uruha, com um tom de nervosismo na voz.

-O que? –Perguntou voltando a fitá-lo.

-Você estava no meio da rua e eu te trouxe pra calçada. – falou um pouco rápido, tentando desviar seu olhar do outro.

-Eu estava na... – Começou, mas parou novamente, tocando mais uma vez sua cabeça.

-Rua. – concluiu Uruha. -Você foi atropelado ou algo do tipo? – Perguntou curioso.

-Não! Eu não... – Parou de falar de repente, balançando um pouco a cabeça, e voltando a massageai-la em seguida.

-Como você chegou nesse lugar? – Uruha olhava atentamente para o homem, tentava ver se o conhecia de algum lugar.

-Eu não sei, eu nem sei que lugar é esse... – Falou parecendo realmente perdido, olhando para os lados, até paro o céu, na procura de reconhecer o local.

-Como assim? Nós estamos em Kanagawa. – Falou meio descrente de que o outro realmente não soubesse onde estava.

-Kanagawa? – Perguntou olhando um pouco para os lados, depois voltando a olhar para Uruha.

-É... você bebeu? –Perguntou fitando-o com ainda mais precisão.

-Não... – O homem respondeu quase em um sussurro.

-Você esta bem? – Falou aproximando-se um pouco do homem, vendo que ele não fez mais nem um gesto, parecia que tinha petrificado no lugar.

Ficaram um tempo em silencio, Uruha chegou a pensar que era melhor ter ido logo embora, porque não era bom dar conversa pra bêbado ou drogado, seja lá o que aquele homem fosse.

-Estou, eu acho que sim... –Finalmente depois de alguns minutos, ele respondeu a pergunta de Uruha.

-Tudo bem, se você está dizendo. –Uruha falou calmo, mas era evidente no seu tom de voz, que ele não acreditava naquilo.

-Não, eu estou bem... – Falou o homem agora conseguindo se levantar. – Nenhum arranhão... –Mostrou seu corpo.

Uruha o olhou por alguns estantes, reparando que de fato, ele não continha nenhum machucado, e sua roupa estava intacta.

E, parando agora para reparar em sua roupa, ele estava de terno, um terno escuro, camisa branca, sem gravata, cabelos pretos na altura do ombro e com um corte meio desigual. Ele até usava brinco. Uruha ficou pensando no que aquele homem tão bem vestido estaria fazendo ali?

No meio do nada, no meio da rua.

Pensamentos nada bons passaram por sua mente.

-Obrigado por me ajudar. – Falou o homem de repente, fazendo com que Uruha cortasse sua linha de raciocínio.

-De nada. Você está bem mesmo? É que você parece perdido...

-Eu estou, eu nem sei como cheguei aqui... Isso é impossível... – Falava olhando novamente para todos os lados.

-Você quer ligar pra alguém para pedir ajuda? eu empresto meu telefone...

-Não, eu... – Ele começou a olhá-lo novamente, ao poucos começou a se aproxima, fazendo com que Uruha fosse para trás, até que bateu de costas em um poste.

Ele o ficou encarando, mas parou de se aproximar.

-Você... eu te conheço... –Apontou paro seu rosto.

-Acho que não... – Respondeu, negando com a cabeça.

-Não, eu sei... você é idêntico a ele... – Ele o olhava como se estivesse meio espantado com isso. Uruha podia ver nos seus olhos certo receio, e talvez até medo.

-Eu nunca vi o senhor... Desculpe-me. – Falou calmamente, mas isso não mudou a forma de como o homem o olhava, de repente, Uruha achou até que ele estava feliz com isso.

-Isso não pode ser real...- Ele começou a olhar para os lados novamente, atento a tudo. – Não... não pode. Ali na frente... aquilo é um...

-Parque. –respondeu antes que o outro terminasse a pergunta. -É o parque ecológico da cidade. –Concluiu.

O homem olhava pra Uruha, depois á sua volta e, então, abaixava a cabeça como se para tentar entender tudo.

-Qual o seu nome? – Perguntou encarando o loiro mais uma vez.

-O que? – Perguntou surpreso.

-Seu nome? – Repetiu baixo

-Eu não vou falar, eu não te conheço... você pode ser um psicopata querendo me enganar só pra que eu tenha dó de você, e depois você vai me seqüestrar e fazer sabe-se lá o que, comigo... –Falou rápido, quase sem pausas para respirar.

-Eu o quê? –Perguntou, parecendo meio perplexo. - Deixa pra lá... Eu me chamo Aoi. –Finalizou a frase calmamente.

-Aoi? –repetiu o loiro.

-É, Aoi.

-Isso não é nome...

-È sim... se eu estou dizendo que me chamo assim...

-O meu é Kouyou, Takashima Kouyou... e isso é um nome.

-Kouyou... Eu... Ah... – De repente, ele começou a gemer de dor e apertar a barriga com certa força, se ajoelhando no chão.

-"Eu" o que? –perguntou, tentando se aproximar.

-Deixa... não é nada... – Respirou fundo, permanecendo de olhos fechados.

Quando ele voltou a encara Uruha, ele estava com lagrimas escorrendo em sua face.

Uruha ficou surpreso com aquilo. Não entendia, achou que talvez algo de ruim estivesse acontecendo com o outro. Pensou em perguntar, mas Aoi foi mais rápido em falar.

-Eu me lembrei... –Comentou baixo.

-O que?

-O porquê de eu estar aqui...

-E?

-Eu acho que realmente bebi demais... meu estomago está reclamando. – A cariciou o local em demonstração.

-Vem, eu te ajudo... – Uruha lhe estendeu a mão, e Aoi ficou um pouco surpreso com o gesto.

-Você não acha que eu sou um psicopata? –Perguntou o olhando meio desconfiado.

-Acho... mas ao menos você está passando mal. – Aoi acabou sorrindo com essa resposta, e deixou que eu o loiro ajudasse a se levantar.

Foram até um banco, que ficava em um ponto de ônibus ali por perto.

Aoi sentou-se em um dos bancos e nada mais disse, ficou em silencio total. Uruha não estava em situação diferente, ele ficou em pé, um pouco mais a frente, olhando atentamente para o moreno e nesse momento, ele se perguntava porque raios ainda estava ali.

-É... você está bem? –Resolveu perguntar depois de algum tempo.

-Oi? – Aoi o olhou meio confuso.

-É que... eu preciso ir... está muito tarde...

-Ahh, é né... tarde... –Aoi parecia realmente desorientado.

-Eu não posso ficar fora... –começou a falar, mas antes de terminar, Aoi o interrompeu.

-Pode ir... eu já vou também. -Falou levantando-se do banco, um pouco tonto.

-Você não precisa de ajuda?

-Não, eu já estou bem... eu logo vou pra casa também... obrigado por tudo, você é um jovem adorável. – Falou de uma forma muito gentil e educada, o que não impediu Uruha de desconfiar da sua atitude.

Aoi percebeu isso, pela forma que o outro o olhava, milhares de coisa devia estar passando pela sua mente e tinha a certeza de que eram as piores.

-Eu não sou um psicopata! - Falou com veemência, aproximando-se mais de uruha e lhe estendendo a mão. –Obrigado por me ajudar!

-De nada... –Falou um pouco sem jeito, reparando na forma como o moreno o olhava, aqueles olhos negros o olhava com um misto de dor, alegria, tristeza, e confusão. – Eu já vou! – Falou Uruha tentando, se desprender daquele contato visual, Aoi apenas lhe confirmou com a cabeça e Uruha foi se afastando.

Fez o possível para segurar sua vontade de olhar pra trás, respirou fundo e continuou seu caminho, com a certeza de que não estava sendo seguido e ,meia hora depois, estava em casa.

Entrou apressado, apenas cumprimentando sua avó rapidamente. Sem nem lhe dar explicações pela hora que chegava, subiu direto para seu quarto, se trancando nele.

‘Que raios foi tudo aquilo?’ - Perguntou a si mesmo.

Eu podia estar realmente em apuros ali. E se aquele cara realmente fosse do mal? Um louco atrás de jovens bonzinhos e tapados como eu? –Acabou apontando para o próprio rosto. -Mas ele não fez nada, e parecia estar confuso... - Ficou pensando por um tempo - É o que drogas causam hoje em dia... culpa dele. – Deu de ombros.

Melhor eu ir dormir e esquecer tudo isso...

Aoi... que tipo de nome é esse?


E durante a noite, essa pergunta continuou em sua cabeça, fazendo com que seu sono nem se quer se aproximasse.


continua...
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Mensagem  Midori Sex Out 08, 2010 3:20 am

Nyaaaaaaaaaaaa continuaaaaa pleass
Quero saber o que aconteceu *olhinhos brilhando*

pleass pleass
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Midori
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Localização : em algum lugar por ai com uruhinha :p

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